sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

O Cinema em Rio Novo - Parte III

Ankito
Em 1918, grassava o surto epidêmico da Gripe Espanhola em Rio Novo. Grande parte da população estava doente, ainda não existiam as sulfas e as penicilinas e o mal era contagioso.
Sr. Galdino Pinto, com um circo denominado Grande Circo Oriental, na ocasião, começou a atender os doentes com elevados sentimentos filantrópicos, liderando a campanha de combate à Gripe. O circo foi transformado em hospital e, quando ali não cabia mais ninguém, Galdino, de casa em casa, mitigava a sede dos doentes. A cidade estava deserta e só um homem cruzava as ruas abandonadas. Era o avô de Ankito e sua sacrossanta missão de cuidar dos vivos e sepultar os mortos.
Os dois filhos de Galdino Pinto, Abelardo e Aquísis encarnavam Piolim e Faísca na vida circense. Anquísis, artista consumado, trapezista e ginasta, casou-se com uma mocinha de 16 anos, a mais bonita de Rio Novo na época, dizia-se. Ambos seguiram pelo Brasil na vida nômade circense.
Do matrimônio tiveram um filho que recebeu na pia bastimal o nome do pai: Anquísis Pinto Filho, que se tornaria o notável comediante Ankito .
Aos 7 anos, não teve jeito, e o menino estreava no circo, no perigoso globo da morte. Com a experiência no circo, aos 18 anos, Ankito passou a participar de shows, como acrobata, no Cassino da Urca. Numa noite, o ator principal não pôde comparecer e Ankito acabou o substituindo por acaso. Fez muito sucesso e acabou permancendo no elenco principal da montagem. No fim dos anos 40 e já com carreira consolidada no teatro, ele contracenou com Grande Otelo no show "Bahia mortal". Em 1952, Ankito foi convidado para estrear no cinema. De início seria apenas uma pequena participação em três dias de filmagem de "É fogo na roupa", mas, como sempre, ele roubou a cena, e acabou ganhando uma participação maior no projeto, rodando 39 dias, e faturando o primeiro lugar nos créditos do longa-metragem. Ao todo, Ankito protagonizou 56 filmes, todos sucesso de bilheteria, como "Três recutas", "Marujo por acaso", "Rei do movimento", "O grande pintor", "Angu de caroço", e "Metido a bacana", onde a dupla Ankito e Grande Otelo apareceu pela primeira vez no cinema, numa parceria de sucesso. Sua carreira na TV é marcada por programas humorísticos. Trabalhou nas redes Tupi, Record, Bandeirantes e Globo. Na emissora do Jardim Botânico, além de participações nos programas de humor, ele atuou nas novelas "Gina", com Christiane Torloni; "Marina", com Edson Celulari, "A sucessora", de Manoel Carlos, e "Alma gêmea", como o personagem Falecido, em 2005. Um ano depois, ele fez sua última aparição na TV, uma participação na série "Carga pesada" como Ivanildo no episódio "Mata o véio, mata!".
Certa vez, em 1965, Ankito retornou a Rio Novo, apresentando um filme no qual ele interpretava um atrapalhado carteiro. No palco do Cine Rion disse ao povo que há muito desejava conhecer a terra que havia homenageado seu avô dando seu nome a uma rua, conhecer a casa onde foi criada sua mãe e a Igreja Matriz na qual ela havia participado de coroações.
O ator tinha 85 anos e perdeu a batalha que travava contra um câncer no pulmão em 30 de março de 2009.

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