n° 689 da Ordem DeMolay para o Brasil | Rio Novo - MG
sexta-feira, 2 de dezembro de 2011
O Cinema em Rio Novo - Parte III
Ankito
Em 1918, grassava o surto epidêmico da Gripe Espanhola em Rio Novo. Grande
parte da população estava doente, ainda não existiam as sulfas e as penicilinas
e o mal era contagioso.
Sr. Galdino Pinto, com um circo denominado Grande Circo Oriental, na
ocasião, começou a atender os doentes com elevados sentimentos filantrópicos,
liderando a campanha de combate à Gripe. O circo foi transformado em hospital
e, quando ali não cabia mais ninguém, Galdino, de casa em casa, mitigava a sede
dos doentes. A cidade estava deserta e só um homem cruzava as ruas abandonadas.
Era o avô de Ankito e sua sacrossanta missão de cuidar dos vivos e sepultar os
mortos.
Os dois filhos de Galdino Pinto, Abelardo e Aquísis encarnavam Piolim e Faísca
na vida circense. Anquísis, artista consumado, trapezista e ginasta, casou-se
com uma mocinha de 16 anos, a mais bonita de Rio Novo na época, dizia-se. Ambos
seguiram pelo Brasil na vida nômade circense.
Do matrimônio tiveram um filho que recebeu na pia bastimal o nome do pai:
Anquísis Pinto Filho, que se tornaria o notável comediante Ankito .
Aos 7 anos, não teve jeito, e o menino estreava no circo, no perigoso
globo da morte. Com a experiência no circo, aos 18 anos, Ankito passou a
participar de shows, como acrobata, no Cassino da Urca. Numa noite, o ator
principal não pôde comparecer e Ankito acabou o substituindo por acaso. Fez
muito sucesso e acabou permancendo no elenco principal da montagem. No fim dos
anos 40 e já com carreira consolidada no teatro, ele contracenou com Grande
Otelo no show "Bahia mortal". Em 1952, Ankito foi convidado para
estrear no cinema. De início seria apenas uma pequena participação em três dias
de filmagem de "É fogo na roupa", mas, como sempre, ele roubou a
cena, e acabou ganhando uma participação maior no projeto, rodando 39 dias, e
faturando o primeiro lugar nos créditos do longa-metragem. Ao todo, Ankito
protagonizou 56 filmes, todos sucesso de bilheteria, como "Três
recutas", "Marujo por acaso", "Rei do movimento",
"O grande pintor", "Angu de caroço", e "Metido a
bacana", onde a dupla Ankito e Grande Otelo apareceu pela primeira vez no
cinema, numa parceria de sucesso. Sua carreira na
TV é marcada por programas humorísticos. Trabalhou nas redes Tupi, Record,
Bandeirantes e Globo. Na emissora do Jardim Botânico, além de participações nos
programas de humor, ele atuou nas novelas "Gina", com Christiane
Torloni; "Marina", com Edson Celulari, "A sucessora", de
Manoel Carlos, e "Alma gêmea", como o personagem Falecido, em 2005.
Um ano depois, ele fez sua última aparição na TV, uma participação na série
"Carga pesada" como Ivanildo no episódio "Mata o véio,
mata!".
Certa vez, em 1965, Ankito retornou a Rio Novo, apresentando um filme no
qual ele interpretava um atrapalhado carteiro. No palco do Cine Rion disse ao
povo que há muito desejava conhecer a terra que havia homenageado seu avô dando
seu nome a uma rua, conhecer a casa onde foi criada sua mãe e a Igreja Matriz
na qual ela havia participado de coroações.
O ator tinha 85 anos e perdeu a batalha que travava contra um câncer no
pulmão em 30 de março de 2009.
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