Tamanha foi a influência do cinema estrangeiro em nossos hábitos que, em Rio Novo, por exemplo, existem várias pessoas cujos nomes de batismo são homenagens de seus pais, que vivenciaram a época aqui descrita, a seus ídolos na telona.
Citemos alguns nomes registrados em cartório:
- Alain Delon
- Errol Flynn
- Charlinton Heston Marlon
O Fim.
No início da década de 80 o cinema em Rio Novo fechou as portas. O que mais influenciou
a decadência dos cinemas, nas cidades pequenas e, também, nas médias e grandes
foi, não só o surgimento do vídeo aliado à ascensão da televisão mas,
principalmente, a falta de bons filmes. Houve uma invasão de filmes de qualidade
inferior aos grandes clássicos com os quais foram acostumados, que fizeram com
que perdessem o prazer de freqüentar o cinema - grande quantidade de “filmes
B” que foram produzidos na década de 1980 nos Estados Unidos e a Pornochanchada
brasileira, que teve seu auge aproximadamente na mesma época. A maior consequência
do gênero foi marcar o cinema brasileiro como sinônimo de um cinema
repleto de nudez e de palavrões.
A partir de então, o rápido desenvolvimento da tecnologia fazendo surgir
aparelhos de áudio e vídeo cada vez mais sofisticados possibilitou a atual
facilidade de acesso à música e aos filmes.
Da década de
50 até meados dos anos 70 o cinema em Rio Novo viveu sua época de ouro. O faroeste foi
o gênero predominante. Desde os clássicos Westerns
americanos com John Wayne, aos chamados “Spaghetti”
italianos, imortalizados por personagens marcantes, interpretados por atores
como Terence Hill, Franco Nero e Clint Eastwood. Terminados os filmes, as
crianças, maravilhadas com as cenas de ação, saiam correndo pela praça
brincando de mocinho e bandido.
Antes da
execução dos filmes a grande atração dos cinemas era o famoso cine-jornal
“Canal 100”
que mostrava os lances dos principais clássicos de futebol da semana. O “Canal 100” tinha como trilha sonora
a música “Na Cadência do Samba”, imortalizada com o piano do artista rionovense
Waldir Calmon, ainda muita executada nos dias de hoje.” Ao final das sessões de sábado eram exibidos episódios de
seriados também americanos. Dentre eles: “Flash Gordon no Planeta Marte”, “O
Príncipe Submarino” e “Nyoka, a Rainha das Selvas”. Havia também, aos domingos,
matinês que lotavam o cinema, exibindo uma maratona de desenhos do “Tom &
Jerry” e filmes do Walt Disney.
Em breve entrevista
realizada com 100 rionovenses que viveram a época do cinema na cidade, ficou
constatada a seguinte preferência:
Filmes Preferidos: Da Terra Nascem os
Homens (1958); Os Canhões de Navarone (1961); O Dólar Furado (1965); Sete
Homens e um Destino (1960); filmes em geral da franquia Trinity, Django e
musicais com Frank Sinatra; Comédias com Charlie Chaplin e Jerry Lewis. Também
foram citados os épicos Spartacus (1960), Ben Hur (1959), Ivanhoé (1952), El
Cid (1961) e Quo Vadis (1951).
Atores Preferidos: Charlton
Heston, John Wayne, Steve McQueen, Gregory Peck, Charlie Chaplin, Jerry
Lewis, Frank Sinatra, Yul Brynner, Paul Newman.
Atrizes Preferidas: Sophia Loren, Elizabeth Taylor, Marilyn Monroe, Gina
Lollobrigida, Claudia Cardinalle.
Em 1918, grassava o surto epidêmico da Gripe Espanhola em Rio Novo. Grande
parte da população estava doente, ainda não existiam as sulfas e as penicilinas
e o mal era contagioso.
Sr. Galdino Pinto, com um circo denominado Grande Circo Oriental, na
ocasião, começou a atender os doentes com elevados sentimentos filantrópicos,
liderando a campanha de combate à Gripe. O circo foi transformado em hospital
e, quando ali não cabia mais ninguém, Galdino, de casa em casa, mitigava a sede
dos doentes. A cidade estava deserta e só um homem cruzava as ruas abandonadas.
Era o avô de Ankito e sua sacrossanta missão de cuidar dos vivos e sepultar os
mortos.
Os dois filhos de Galdino Pinto, Abelardo e Aquísis encarnavam Piolim e Faísca
na vida circense. Anquísis, artista consumado, trapezista e ginasta, casou-se
com uma mocinha de 16 anos, a mais bonita de Rio Novo na época, dizia-se. Ambos
seguiram pelo Brasil na vida nômade circense.
Do matrimônio tiveram um filho que recebeu na pia bastimal o nome do pai:
Anquísis Pinto Filho, que se tornaria o notável comediante Ankito .
Aos 7 anos, não teve jeito, e o menino estreava no circo, no perigoso
globo da morte. Com a experiência no circo, aos 18 anos, Ankito passou a
participar de shows, como acrobata, no Cassino da Urca. Numa noite, o ator
principal não pôde comparecer e Ankito acabou o substituindo por acaso. Fez
muito sucesso e acabou permancendo no elenco principal da montagem. No fim dos
anos 40 e já com carreira consolidada no teatro, ele contracenou com Grande
Otelo no show "Bahia mortal". Em 1952, Ankito foi convidado para
estrear no cinema. De início seria apenas uma pequena participação em três dias
de filmagem de "É fogo na roupa", mas, como sempre, ele roubou a
cena, e acabou ganhando uma participação maior no projeto, rodando 39 dias, e
faturando o primeiro lugar nos créditos do longa-metragem. Ao todo, Ankito
protagonizou 56 filmes, todos sucesso de bilheteria, como "Três
recutas", "Marujo por acaso", "Rei do movimento",
"O grande pintor", "Angu de caroço", e "Metido a
bacana", onde a dupla Ankito e Grande Otelo apareceu pela primeira vez no
cinema, numa parceria de sucesso. Sua carreira na
TV é marcada por programas humorísticos. Trabalhou nas redes Tupi, Record,
Bandeirantes e Globo. Na emissora do Jardim Botânico, além de participações nos
programas de humor, ele atuou nas novelas "Gina", com Christiane
Torloni; "Marina", com Edson Celulari, "A sucessora", de
Manoel Carlos, e "Alma gêmea", como o personagem Falecido, em 2005.
Um ano depois, ele fez sua última aparição na TV, uma participação na série
"Carga pesada" como Ivanildo no episódio "Mata o véio,
mata!".
Certa vez, em 1965, Ankito retornou a Rio Novo, apresentando um filme no
qual ele interpretava um atrapalhado carteiro. No palco do Cine Rion disse ao
povo que há muito desejava conhecer a terra que havia homenageado seu avô dando
seu nome a uma rua, conhecer a casa onde foi criada sua mãe e a Igreja Matriz
na qual ela havia participado de coroações.
O ator tinha 85 anos e perdeu a batalha que travava contra um câncer no
pulmão em 30 de março de 2009.
Em 21 de abril de 1950, foi inaugurado o “CINE RION”, instalando-se no
mesmo local onde situava-se o “Cine Guanabara”. O filme de inauguração foi o
longa “Música para Milhões”, de 1944, dirigido por Henry Koster, que mais tarde
alcançaria o estrelato na direção do filme “O Manto Sagrado” (1953) com Richard
Burton, Victor Mature e Jean Simmons. O musical foi exibido já com a sincronia
entre som e imagem, ou seja, sem a participação da orquestra.
Nesta época, início dos anos 50, uma nova preferência dominava as
bilheterias de todos os cinemas: os chamados Faroestes. Os americanos
encantavam o mundo com seus mocinhos, interpretados por atores como Buck Jones
e Tom Mix, e o excepcional cavalo Trigger roubando as cenas de Roy Rogers.
No Brasil tinham destaque as chamadas “Chanchadas” – filmes de comédia de
fácil comunicação com o público. Este apelo popular foi utilizado pelas
produtoras da época e alguns filmes satirizavam grandes clássicos americanos,
como é o caso de “Matar ou Correr” (1954), do diretor Carlos Manga, em alusão
ao “Matar ou Morrer” (1952) com Gary Cooper.
Entre os cinco maiores artistas das chanchadas (juntamente com nomes como
Grande Otelo e Oscarito) encontra-se Ankito – neto e filho de rionovenses.
Nesta série de postagens vamos conferir a trajetória do cinema em Rio Novo, uma pequena cidade do interior de Minas Gerais, a 50 minutos de Juiz de Fora.
O Início
O primeiro cinema de Rio Novo, surgiu em 1910 quando os irmãos Antonio e
Paschoal Cortez, montaram onde é hoje a rua Dr. Basílio Furtado, o “Pavilhão
Brasil”, coberto e cercado de lonas para exibição de filmes mudos – totalmente
sem som – que exigia a participação da orquestra da cidade.
Os cinemas da época se recomendavam não apenas por suas montagens e
instalações, mobiliário e decorações, seleções de filmes, mas também por uma
boa orquestra. A orquestra que se apresentava no cinema Íris durante a exibição
dos filmes conquistou meritória fama sob a regência do maestro José Joaquim da
Silva Ribeiro (Quinca Alda). Muitos viajantes permaneciam alguns dias na cidade
para ir ao Cine-Teatro Íris (como passou a ser denominada a empresa), não tanto
pelo filme que, afinal, já haviam até assistido no cinema de suas cidades mas,
sim, para ouvir a excelente orquestra de Rio Novo. A música realmente era considerada
como uma das mais nobres manifestações de educação e cultura.
No dia 11 de dezembro de 1930, o Cine Teatro Íris apresentou, pela primeira vez no
município, um filme em que o som já encontrava-se em sintonia com a imagem:
“Paris” – musical de 1929, do diretor Clarence G. Badger, estrelado pela cantora
e atriz da Broadway, Irene Bordoni.
Teria chegado, então, o fim das orquestras nos
cinemas? Não naquele momento, pois, na realidade, o Cinema Íris conseguiu
manter a apresentação de filmes sonorizados até 15 de junho de 1931. O elevado
custo dos aparelhos de som, que eram arrendados, e mesmo a deficiência do
sistema, impossibilitaram a continuação do cinema sonorizado. Assim, as
orquestras voltaram ao trabalho, até que em 20 de março de 1932, finalmente
foram inaugurados os novos aparelhos sonoros do estabelecimento.
Bom, Irmãos, sejam bem vindos ao Blog do Capítulo Culto ao Dever, onde serão postadas notícias das realizações do Capítulo e outras com conteúdo cultural.